texto Dra. Denise Regina Ramos

A hipotermia, ou seja, a diminuição da temperatura corpórea é uma complicação comum na anestesia geral de pequenos animais. Estudos relatam que a incidência de hipotermia pós-operatória em cães e gatos pode chegar a 83,6% e 97,5% respectivamente. Esta complicação leva a diversas alterações como tremores, aumento do consumo de oxigênio, arritmias cardíacas, distúrbios eletrolíticos, isquemia, coagulopatias, maior risco de infecções pós-cirúrgicas, diminuição do metabolismo de fármacos usados durante a anestesia e, consequentemente, o aumento do tempo de recuperação anestésica.

A irradiação é a principal via de perda de calor nos animais e consiste na troca de temperatura entre objetos no ambiente que não estão em contato direto com a pele. Isso ocorre por raios térmicos infravermelhos que formam um tipo de onda eletromagnética.Quanto maior a variação de temperatura entre corpo e ambiente, maior será a perda de calor. Sendo assim, fatores como temperatura e umidade do ambiente, taxa metabólica, atividade do paciente, climatização e atividade do ar favorecem na perda de calor.

Em animais conscientes o hipotálamo é responsável pela termorregulação através de vasoconstrição, vasodilatação periférica e estimulação neuroendócrina. Ocorre também aumento do tônus muscular e o tremor involuntário na tentativa de aumentar a temperatura.

Na anestesia geral, ocorre depressão da atividade cerebral e do hipotálamo, portanto, esses mecanismos são inibidos. Além disso, a perda de calor pode ainda ser exacerbada por soluções de limpeza e antissepsia (álcool), exposição ao frio (mesa de aço), doença pré-existente, medicamentos que causam vasodilatação (fenotiazínicos, propofol e isofluorano).

Alguns cuidados durante a anestesia podem minimizar a perda de calor e prevenir a hipotermia. Existem protocolos que envolvem o emprego de colchão térmico ou insuflador de ar quente, associado ou não ao uso bolsas de água e infusão de fluidoterapia aquecida.

Na maioria dos casos, essas medidas são eficientes na redução de perda de calor, assim como diminuição do tempo de cirurgia (quando possível) e climatização adequada da sala cirúrgica, evitando que a mesma fique com temperatura abaixo de 22°C. Em alguns casos, a diminuição da temperatura corporal é mais acentuada, portanto, a hipotermia é difícil de ser evitada, principalmente em animais pequenos (abaixo de 8kg) e em cirurgias de longa duração. Nesses casos, o cuidado durante e após a anestesia deve ser redobrado. O ideal é que o animal fique sob cuidados veterinários até reestabelecer a temperatura normal (37,8 a 39,5°C).

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