Comitê de Saúde Única da WSAVA (Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
O surto de pneumonia mundial ocasionado por um novo coronavírus, denominado SARS-Cov-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavírus 2) tem sido motivo de muita preocupação entre todos nós. O novo coronavírus foi identificado após a notificação de casos de pneumonia de causa desconhecida em dezembro de 2019, diagnosticados inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei
Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) nomeou, temporariamente, o novo vírus como novo coronavírus de 2019 (2019-nCoV). No entanto, em 11 de fevereiro, ele foi definitivamente chamado de SARS-Cov-2 e a doença causada por esse vírus foi denominada “Doença do Coronavírus 2019” (abreviada como COVID-19).
Os coronavírus pertencem à família Coronaviridae, são vírus que infectam mamíferos, pássaros e peixes. Em cães o coronavírus é responsável pode causar quadros leves de diarreia, enquanto a infecção pelo coronavírus em gatos pode causar um quadro conhecido como peritonite infecciosa felina (PIF). Porém é importante frisar que os coronavírus que infectam cães e gatos não estão associados ao atual surto de COVID-19.
Em resposta a esse surto, o Comitê Científico (SC) e o Comitê de Saúde Única (OHC) da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) prepararam, em colaboração com indivíduos interessados em Saúde Única em todo o mundo, uma lista de perguntas frequentes destinadas aos membros da WSAVA:
- A COVID-19 pode acometer animais de estimação?
Atualmente, existem evidências limitadas de que animais de estimação possam ser infectados, como também não existem evidências de que cães e gatos possam ser fontes de transmissão para outros animais ou humanos.
- Devo evitar o contato com animais de estimação ou outros animais no caso eu tenha sido infectado por COVID-19?
O CDC recomenda o seguinte: “Você deve restringir o contato com animais de estimação e outros animais enquanto estiver doente com a COVID-19, assim como faria com outras pessoas”. Embora não tenha havido relatos de animais de estimação ou outros animais que tenham adoecido por COVID-19.
É recomendável que pessoas doentes com a COVID-19:
- limitem o contato com animais, até que mais informações sejam conhecidas sobre o vírus.
- evite o contato próximo com seu animal de estimação, incluindo acariciar, aconchegar-se, ser beijado ou lambido e compartilhar alimentos.
- peça para alguém da família ou alguém de confiança que cuide dos seus animais enquanto você estiver doente. Caso não seja possível, enquanto estiver doente é recomendável que você lave as mãos antes e depois de interagir com seus animais, além de utilizar máscara facial.
- Se meu animal de estimação esteve em contato com alguém doente com COVID-19, ele pode transmitir a doença para outras pessoas?
Até então não existem evidências de que animais de estimação possam adoecer por infecção com este novo coronavírus, ou ainda que possam ser fonte de infecção para as pessoas.
- O que devo fazer se meu animal de estimação desenvolver uma doença sem causa determinada e estiver em contato com uma pessoa com a COVID-19?
Ainda não sabemos se animais de estimação podem ser infectados pelo SARS-Cov-2 ou ficar doentes com a COVID-19, mas se seu animal de estimação desenvolver doença sem causa aparente é recomendável que você converse com um agente de saúde pública que esteja acompanhando a pessoa doente que teve contato com seu animal e, se houver orientações para que o animal seja encaminhado para atendimento em uma clínica veterinária informe-a previamente sobre o fato para que a clínica atenda-o em uma área de isolamento.
- Quais são as preocupações com animais de estimação que entraram em contato com pessoas infectadas com esse vírus?
É importante ressaltar que existem evidências limitadas de que animais de companhia possam ser infectados pelo SARS-Cov-2. Ainda, embora não haja evidências de que os animais de estimação desempenhem um papel na epidemiologia do COVID-19, a higiene das mãos deve ser mantida por toda a equipe clínica durante toda a interação veterinária, especialmente se estiver lidando com um animal em contato com uma pessoa infectada.
- O que deve ser feito com os animais de estimação nas áreas em que o vírus está ativo?
Atualmente existem evidências limitadas de que animais de estimação possam ser infectados com esse novo coronavírus e, até então, não tenha havido relatos de animais de estimação ou outros animais adoecendo com a COVID-19, é recomendável que seja evitado o contato direto com animais de áreas onde o vírus está ativo e, nunca deixe de lavar as mãos antes e depois de interagir com estes animais.
- Os veterinários devem começar a vacinar cães contra o coronavírus canino devido ao risco de SARSCov-2?
As vacinas contra o coronavírus canino disponíveis destinam-se a proteger contra a infecção entérica por coronavírus e NÃO são licenciadas para proteção contra infecções respiratórias. Os veterinários NÃO devem usar essas vacinas diante do surto atual, pensando que pode haver alguma forma de proteção cruzada contra o SARS-Cov-2. Não há absolutamente nenhuma evidência de que a vacinação de cães com as vacinas comerciais disponíveis forneça proteção cruzada contra a infecção pelo SARS-Cov-2, uma vez que os vírus entéricos e respiratórios são variantes distintas do coronavírus.
- Qual é a resposta da WSAVA ao relato de que um cão foi “infectado” com COVID-19 em Hong Kong?
Notícias de Hong Kong em 28 de fevereiro indicaram que o cão de um paciente infectado apresentava um resultado ‘fraco positivo’ para COVID-19 após testes de rotina. No entanto, este resultado não indicou se as amostras continham partículas virais intactas (isto é, partículas virais que são infeciosas) ou apenas fragmentos do RNA do vírus (estes não são contagiosos) O cão, que não apresentava sinais clínicos relevantes, foi retirado da casa e mantido em quarentena (pois suspeitava-se que a casa era a possível fonte de contaminação) e, posteriormente um novo teste foi realizado para determinar se ele estava realmente infectado ou se somente a cavidade oral e as narinas estavam contaminados com o vírus presente na residência. O resultado afirmou “fraco positivo” da amostra nasal colhida 5 dias após a remoção do cão da possível fonte de contaminação (casa), sugerindo que o animal possuía um baixo nível de infecção, considerando a hipótese de possível caso de transmissão humana para animal. No entanto, ainda não há evidências de que animais de estimação, incluindo cães e gatos, possam atuar como fonte de infecção para outros animais (para maiores informações consulte o link abaixo).
A WSAVA recomenda que os tutores de animais de estimação em áreas onde há casos humanos conhecidos de COVID-19 sigam as orientações de lavar as mãos antes de interagir com seus animais de estimação e, se estiverem doentes, usem máscaras faciais quando estiverem perto deles.
https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/03/COVID-19_WSAVA-Advisory-Document-Mar-7-2020-Portuguese.pdf