Os objetivos do suporte nutricional para pacientes idosos com câncer podem variar de simples a complexos, mas o mais importante é que precisam ser definidos pelo médico veterinário individualmente para cada paciente. Estes objetivos incluem, preservação da condição corporal (principalmente a massa magra), manutenção de interesse e/ou estímulo à ingestão da dieta e prevenção ou correção de possíveis déficits nutricionais. Estas condições devem estar em sintonia ao bem-estar do paciente e à tolerância deste ao tratamento instituído.
A dieta recomendada para cães e gatos portadores de câncer, desde que na ausência de co-morbidades, deve ser rica em proteínas de boa qualidade. A farta composição proteica tem por objetivo amenizar os prejuízos das alterações fisiológicas desencadeadas pela carcinogêsese, além de amenizar a perda de massa muscular, uma vulnerabilidade comum entre pacientes com câncer.
Os aminoácidos, estruturas fundamentais na composição das moléculas de proteína, sempre foram importantes alvos em pesquisas sobre nutrição animal. Recentes pesquisas confirmam que a suplementação de alguns aminoácidos específicos é associada a diminuição da toxicidade associada à quimioterapia, como também no crescimento tumoral.
Algumas outras intervenções nutricionais específicas também se mostraram benéficas para pacientes oncológicos idosos como, garantir níveis mais elevados de ácidos graxos ômega-3 (EPA e DHA) na dieta, ou na suplementação, pois estes elementos exercem um interessante efeito antitumoral e anti-inflamatório. Os β-glucanos, fibras solúveis que desempenham múltiplos efeitos positivos sobre a imunidade e a saúde intestinal, bem como algumas vitaminas e minerais também são positivamente correlacionados à qualidade de vida de pacientes com câncer e, por esta razão, hoje são considerados adjuvantes ao tratamento de animais com esta enfermidade.
No caso de pacientes com necessidades nutricionais específicas, o veterinário oncologista, quando em associação a um profissional nutrólogo, torna-se mais apto na escolha do perfil e das quantidades necessárias de nutrientes a serem fornecidas, principalmente quando estes pacientes encontram incapazes para comer espontaneamente, como aqueles que recebem dieta através de tubos alimentares.
As dietas caseiras também são consideradas uma alternativa para cães e gatos e, cada vez mais os veterinários têm sido questionados sobre quais as proporções adequadas de nutrientes na dieta de seus pets. Porém, dietas caseiras devem ser formuladas por profissionais especialistas, uma vez que estas devem ser nutricionalmente equilibradas e adequadas às necessidades de cada animal. A preceito de “você é aquilo que você come” também pode ser estendido para o universo dos animais de companhia, no sentido dele torna-se aquilo do que é fornecido para ele comer.
Embora não existam alimentos comerciais veterinários destinados a pacientes oncológicos, alguns produtos encontram-se em desenvolvimento e, em breve, estarão disponíveis no mercado; principalmente na forma de suplementos específicos que prezam pela formulação quantitativa e qualitativa de nutrientes para pacientes nestas condições.

Autoria:
Dr. Thiago Vendramini, médico veterinário, professor e pesquisador em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP.
Karina Guedes Oliveira, nutricionista, co-fundadora da ONVET – Nutrição Veterinária Especializada