Os tumores cardíacos podem emergir de várias estruturas do coração como, átrios, apêndices atriais, válvulas, septos, pericárdio (dupla membrana que envolve o coração), ou ainda a partir dos grandes vasos presentes na base cardíaca.
Os tipos tumorais primários mais comuns em cães e gatos incluem os hemangiossarcoma (tumor originado das células endoteliais), tumores do arco aórtico, também chamado de quimiodectoma ou paraganglioma (originado dos quimioreceptores) e os mesoteliomas (originado das células mesoteliais do saco pericárdico). Os tipos menos comuns incluem carcinoma de tireóide ectópica, sarcomas de origem não vascular, linfoma e tumores benignos (por exemplo, leiomioma, mixoma, lipoma, adenoma de tireóide).

Os hemangiossarcomas cardíacos formam-se a partir das células endoteliais que revestem as paredes dos vasos sanguíneos, estas, quando sofrem transformação maligna têm grande capacidade de destacamento e disseminação metastática pelo fato de serem facilmente transportadas pelo sangue através dos vasos sanguíneos. Além disso as lesões cardíacas de hemangiossarcoma podem produzir sangramento e coleções hemorrágicas que, usualmente acabam por se acumular no saco pericárdico, causando quadros de tamponameno cardíaco, o que pode levar a uma pressão excessiva sobre o coração e interferir em sua capacidade de bombeamento do sangue. O tratamento dos hemangiossarcomas cardíacos restringe-se à quimioterapia sistêmica e às abordagens de pericardiocentese (punção pericárdia para drenagem) ou pericardectomia parcial (abertura de uma “janela” no saco pericárdico para drenagem de efusões).

Os tumores de arco aórtico formam-se a partir de estruturas chamadas de quimiorreceptores, que são extensões do sistema nervoso periférico situados na adventícia da aorta. Estas estruturas são especializadas na manutenção da homeostase do sistema cardiorrespiratório, atuando no controle da pressão arterial, frequência cardíaca, tônus vasomotor, além das variações do pH sanguíneo. Os quimiodectomas são tumores que acometem com mais frequência cães de raças braquicefálicas, acredita-se que a maior incidência nestas raças tenha relação com quadros crônicos de hipóxia, o que levaria ao estímulo proliferativo e consequente carcinogênese destas estruturas. O tratamento dos quimiodectomas baseia-se no monitoramento e tratamento medicamentoso das alterações cardiovasculares. Embora não existam protocolos quimioterápicos de eficácia comprovada no tratamento dos quimiodectomas, alguns estudos recentes sugerem que os inibidores de tirosina quinase possam ser úteis pela sua antiangiogênica.

Os mesoteliomas são tumores decorrentes da proliferação de células mesoteliais presentes nas superfícies da pleura, da cavidade peritoneal e da parede pericárdica. É um tumor que comumente produz efusões malignas (líquido produzido pelas células tumorais, e que se acumulam em cavidades corpóreas). Animais com pericardite ou pleurites crônicas apresentam maior risco para o desenvolvimento de mesoteliomas uma vez que a ocorrência de irritação crônica destas membranas pode promover a transformação e proliferação da células mesoteliais. O tratamento dos mesoteliomas, incluindo o mesoteloma pericárdico, inclui o uso de agentes quimioterápicos sistêmicos e/ou intracavitários, além da periadiocentese e/ou pericadectomia nos casos de tamponamento cardíaco,.

Em virtude do sítio anatômico onde estes tumores emergem, as abordagens diagnósticas, seja para coleta citológica ou histológicas são incomuns. Pelo mesmo motivo as abordagens cirúrgicas também são raras. Assim, a maioria dos pacientes são tratados de forma paliativa, objetivando alívio nos sinais e sintomas decorrentes da presença e crescimento do tumor.