por Dra. Mayara Parisi

Com o aumento da expectativa de vida dos animais e avanços dos meios diagnósticos veterinários, a frequência de doenças neoplásicas tem aumentado de forma significativa nos animais de companhia, com consequente ocorrência de potenciais complicações advindas do avanço da doença e/ou do próprio tratamento oncológico empregado,  podendo exigir cuidados intensivos nesses pacientes imunossuprimidos.

Até meados dos anos 1990, os pacientes oncológicos eram recusados nas unidades de terapia intensiva (UTI) pelo prognóstico atrelado à doença de base. No entanto, diversos estudos atuais em pacientes oncológicos críticos introduziram novos conceitos à terapia intensiva, principalmente no que se refere às medidas admissionais desses  pacientes. Avanços dos cuidados intensivos, das terapias antineoplásicas e dos métodos diagnósticos proporcionaram um aumento não apenas da sobrevida, mas principalmente, da qualidade de vida dos pacientes oncológicos admitidos nas unidades intensivas.

Porém, é sabido que a necessidade de internação de um ente querido não é uma ideia de fácil aceitação, principalmente quando se considera a barreira física imposta por essa medida. A internação hospitalar é vivenciada pelos familiares como um processo dificultoso e desagradável, associada ao “medo do desconhecido”. Como forma de minimizar essa angústia, a Intensive Care – primeira internação voltada para o suporte e cuidados intensivos de animais oncológicos – tem como preceito básico uma internação humanizada.

A proposta nasceu há quatro anos, juntamente com o apoio do serviço de atendimento oncológico Onco Cane, e o principal objetivo da Intensive Care é oferecer os suportes intensivos necessários para cães e gatos, porém sempre atrelados a um atendimento humanizado e acolhedor. O número restrito de leitos e visitas liberadas são algumas das propostas oferecidas com o intuito de garantir maior envolvimento do tutor nesse período de internação, além de porporcionar maior atenção e individualização do paciente no processo do cuidar. Com isso, as individualidades dos pacientes e de seus familiares não são silenciadas, de modo a haver sempre um olhar da equipe de forma mais empática.

Atrelar os conhecimentos técnicos e científicos a um trabalho humanizado proporciona maior conforto não apenas ao paciente, mas a todos familiares envolvidos.